Artesanato
Estas são algumas das artes que ainda se
encontram pelas terras de Águeda:
CESTARIA - A cestaria, relacionada com a actividade agrícola, tem longa tradição
no concelho, usando como matéria prima o vime amarelo com ou sem casca. Desde cestos de
arco para as colheitas ou sementeiras aos poceiros das vindimas, passando pelas sebes dos
carros de bois, vários eram os utensílios que se fabricavam com aquele vime. Mais
recentemente, a cestaria foi também usada pelos padeiros no transporte de pão.
TECELAGEM - A tecelagem, actividade muito antiga que desde
sempre esteve ligada à actividade doméstica, desenvolvida predominantemente pelo sexo
feminino, complementava a fiação utilizando lã, linho, algodão e ainda trapo velho
como matéria prima. Com o algodão e o linho manufacturavam-se tecido em peça e peças
de «Bragal» (enxoval). Com a lã, tecia-se o Borel para fabrico de capuchas, gabões,
xailes e outros tipos de vestuário. Do trapo velho teciam-se as mantas e as cobertas, que
mais não eram que os agasalhos de cama de antanho.
TANOARIA - A tanoaria, relacionada com a viticultura, teve
também alguma expressão em Águeda. Manufacturavam-se dornas, para o transporte das uvas
e túneis, pipos e pipas para o armazenamento do vinho. Outro ramo de tanoaria dirigiu-se
para o fabrico de utensílios domésticos, designadamente canecos de ir à fonte, pipinhos
de levar água ou vinho para as fainas agrícolas, baldes para distribuir comida aos
suínos e celhas que constituíam as bacias das lavadeiras.
LATOARIA - A latoaria ligada à produção de utensílios
essencialmente domésticos, ainda hoje tem alguma expressão em Águeda, apesar da
lamentável perda do nosso querido João Latoeiro. Utilizando a chapa de zinco e a «folha
de flandres», este artesão fabricava funis, cântaros de adega, medidas para líquidos,
almotolias, candeias, alguidares, baldes e regadores.
FERRAGEM - A ferragem foi sempre uma actividade de grande
interesse em Águeda. Utilizando o ferro forjado como matéria prima, produziam-se
ferraduras, camas, bancos de jardim e gradeamento para varandas ou janelas. A nossa cidade
apresenta ainda hoje testemunhos dessa actividade nas bonitas sacadas da Baixa Histórica.
A toponímia do concelho, nomeadamente a da povoação de A-dos-Ferreiros é bem exemplo
da importância e relevo que o ferro forjado atingiu nesta região. A indústria de
ferragens que hoje prolifera em Águeda teve as suas origens naquela actividade artesanal.
OLARIA - A olaria será das mais primitivas actividades da
humanidade, tendo tido desde tempo remotos, grande expressão no nosso concelho, dada a
abundância de argila ou barro nele existente. Actualmente é uma actividade quase
esquecida, havendo apenas alguns artesãos a usar a roda de oleiro. Os objectos moldados
na roda destinavam-se fundamentalmente à vida doméstica. O cântaro e o barril de uma
asa serviam para guardar e manter a água fresca e o alguidar era essencialmente usado
para amassar a broa e outras massas da doçaria regional. Existiam na altura as chamadas
bacias (travessa redonda) usadas para servir a ceia, de onde toda a família comia.
Faziam-se também caçoilas de barro preto, ainda hoje usadas para assar chanfana. Mais
tarde, aparecem os pratos e as malgas. Para além de objectos de uso doméstico, a olaria,
fabricou também para uso da silvicultura taças para recolha da resina nos pinheiros. Já
com tradição oleira em louça doméstica, a primeira expressão em Águeda, com o
caracter artístico de faiança, surge com a Fábrica do Outeiro e o recrutamento de
alguns pintores da fábrica da Vista Alegre. Actualmente, ao aumento da procura tem
respondido a indústria, contando Águeda com algumas dezenas de pequenas empresas a
produzir faiança, cujos motivos são o Galo, a Rabieira, o Pavão, o Pagode Chinês, a
Ala Especial, o Botaréu, a Ágata e o Século XVI, uns em fundo branco, outros em preto.
Segundo o parecer de apreciadores, comparativamente à faiança de Coimbra e Alcobaça, a
louça de Águeda tem um desenho de traço singelo, porém rico, usando uma paleta de tons
suaves e variados, que a torna preferida e característica. Importa ainda acrescentar, que
a faiança aguedense tem uma textura macia e bastante lisa, sendo usual testá-la com a
língua para averiguar da sua autenticidade.
Umas das mais tradicionais formas de cerámica é o grés é uma pasta opaca de textura
vítrea. É produzida segundo os processos tradicionais. É pintada à mão com desenhos a
azul. Nesta região, destaca-se também a faiança do Outeiro com motivos florais e aves
exóticas, pintadas a verde e negro.
AZULEJARIA - A azulejaria com uma grande expressão em
Águeda, retrata temas da paisagem local e da Iconografia Sacra, sendo frequentes painéis
com temas sobre o pitoresco do rio, como as lavadeiras, a nora ou o cais das Laranjeiras .
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