Águeda

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    Número de habitantes: 11357

    Área: 2761 ha

    Lugares: Alagoa, Alhandra, Ameal, Assequins, Bolfiar, Catraia de Assequins, Cavadas, Giesteira, Gravanço,      Lapas de S. Pedro, Maçoida, Ninho de Águia, Paredes, Raivo, Regote, Rio Covo, Sardão, S. Pedro, Vale da Erva, Vale Domingos, Vale do Sobreirinho e Vale Verde

    Esta povoação que surgiu em situação privilegiada na margem do rio designado Agatha e apoiando-se no antiquíssimo casal das primitivas informações escritas - Lausato-sofreu através dos tempos modificações consideráveis até ao momento actual. Efectivamente, desde então até hoje, ao longo dos séculos, acompanhou os grandes períodos de agitação política e social decorridos nesta faxa da Península durante as fases de ocupação humana da conquista e da reconquista cristãs e veio-se fixando no espaço, mantendo toda a sua dignidade que o privilégio da situação lhe conferiu. À beira de muito municípios, esteve integrada no de Aveiro até se ver arvorada em Concelho no século XIX e a auferir, as honras de cidade já no nossa época. Águeda constitui um exemplo concreto de um povoado, de uma vila, de um concelho, de uma cidade, que sempre veio procurando um lugar condigno entre as povoações suas irmãs, a que um território variado e rio cedeu todo esplendor, trabalhado incansavelmente por milhares de pessoas que, de modo diverso, lentamente e com muito afinco lhe deram não só o apoio do esforço suado mas também a força das suas mentes, revelada através das mais diversas capacidades.

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Nova ponte da entrada da cidade de Águeda

    Por tudo isso, Águeda tem também as suas riquezas monumentais e delas se orgulha.

    A igreja paroquial, produto der várias reconstruções, mantém um conjunto fde elementos e de peças individualizadas que já foram objecto de trabalho de alguns estudiosos. Entre outros mais antigos, citamos o Dr. Nogueira Gonçalves e um dos seus párocos, António Carvalhais; este não só procurou remodelar o templo como organizou o museu de arte sacra da igreja, fazendo corresponder ao seu projecto um belo opúsculo bem documentedo fotograficamente, sobre a Igreja de Santa Eulália, padroeira da freguesia.

    O templo tem uma fachada agradável à vista que mantém, ao centro, no nicho, a escultura moderna que é réplica da padroeira; no interior, existe a imagem do século XV.

    É digno de menção, pela sua graciosidade e pelas suas imagens, todo o retábulo da capela-mor. Mas o retábulo do Santíssimo Sacramento constitui todo ele uma peça notável de calcário da renascença coimbrã, cuja parte superior é a representação da Ultima Ceia de Cristo com os Apóstulos. Noutras capelas, várias esculturas como a da Rainha Santa Isabel de Portugal, a deposição de Cristo no túmulo, de calcário, São Luís rei de França e Santa Águeda, de madeira; as esculturas do Menino Jesus, de São João Baptista, de São Domingos, de Santa Apolónia e da Virgem com o Menino. Existe também um relevo das Almas do Purgatório e da Nossa Senhora do Carmo; ainda São Pedro, Santa Luzia e, na capela-mor, São Lucas, São João e São Bento.

    Todos os retábulos das respectivas capelas, à direita e à esquerda das colunas que suportam a nave central, são mais ou menos antigos, mais ou menos ricos. Não podemos deixar de fazer referência à pia baptismal colucada em espaço renovado, cuja taça canelada assenta em peanha moderna, adequada. É considerada uma peça dos princípios do século XVI, de estilo gótico, que apresenta, na curvatura da base de cada canelura, uma cabeça de anjo ou de criança, como se brotassem da própria água interior para a vida espiritual. Estas cabeças simbólicas somente aparecem em nove, do total das dezasseis canelunas porque, primitivamente, a peça de encontrava encontada a uma parede. Peça de grande valor ainda que dotada de grande simplicidade.

    O estudo do interior da igreja e da distribuição das peças, feito mais pormenorizadamente, fica a dever-se ao Dr. Nogueira Gonçalves e, mais recentemente, ao padre Carvalhais, a quem se deve também a reestruturação do templo, a organização do pequeno museu e a leitura das gravações dentro da própria igreja.

    Mas outras capelas estão construídas na área da freguesia. Assim, em sítio elevado, na periferia da cidade, encontra-se a chamada capela de São Pedro, com origem de 1819, reconstruida em 1902 com a colaboração dos paroquianos e com o auxilio do visconde de Sucena, José Rodrigues de Sucena, cuja licença de bênção foi então pedida.

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    Mas, ao centro da cidade, mesmo por trás do edifício da Câmara Municipal, situa-se a bela capela de São Sebastião que, resultando de uma mudança, foi reconstruída e alinhada, mantendo as imagens de São Sebastião e Santa Apolónia.

    Indica-se a capela de Nossa Senhora da Graça, reconstruída em Assequins, de origem antiga. Encerra a escultura em pedra, da Virgem com o Menino, da invocação do templo, trabalho que se integra na oficina coimbrã de João de Ruão e mantém certa beleza. A pia  de água benta, também antiga, bem como o seu pequeno altar de madeira, são dignos de menção.

    Note-se ainda, à esquerda da capela, a existência de uma casa com brasão do século XIX.

    Assequins possui também o seu pelourinho de que ainda existe o fuste de calcário, colocado junto de um chafariz por ter sido deslocado do seu próprio lugar e que, praticamente, é desconhecido como tal.

    A capela de São Geraldo de Bolfiar é antiga e, durante muito tempo, foi lugar de peregrinação e romaria para pagamento de promessas relativas à cura de certas doenças. Vale bem a pena observar o seu interior, particularmente a sua capela-mor com altar de talha do século XVII. Merece também alguma atençaõ o púlpito, de calcário, que tem forma cilíndrica e é servido por uma escadinha lateral.

    Em Paredes, a capela tem por titular, Nossa Senhora da Ajuda. É uma reconstrução em que foram mantidas peças barrocas antigas, do princípio de século XVIII: a Virgem com o Menino, São Tomé e Santo Amaro.

    No centro da povoação do Sardão, eleva-se a capela de Nossa Senhora da Guia do século XVII. Dentro, entre outras imagens a de Nossa Senhora com o Menino, da invocação de Nossa Senhora da Guia e de São Brás, ambas esculturas de pedra do mesmo século.

    Junto à antiga quinta do Redolho, encontra-se a capela da invocação de Santa Ana com retábulo do século XVIII; mantém a escultura da titular sentada, junto da qual se encontra a Virgem Menina de pé. A povoação do Sardão como algumas outras do concelho, esteve muito ligada à terceira invasão francesa comandada por Massena, já que foi para ali que retirou o exército francês após a derrota do Buçaco e ter encontrado o caminho de Boialvo em direcção ao norte.

    Em Radam indica-se uma casa antiga do século XVIII, com seis janelas no andar superior da fachada e com acesso à porta central por meio de uma velha escada de pedra. Sobre a porta, brasão de armas da familia a quer pertencia.

    Quanto a nós, o grande autor das descrições emotivas das margens do Águeda é Adolfo Portela: "E à vista do rio, todos os cabeços da Vale de Águeda-Assequins, Giesteira, Gravanço, Bicha Moira, Paredes, Cabeço da Ruiva, Crasto, Corga, Randam, Redolho- parece que mal têm força para erguerem-se do chão, a modo que saudosos da frescura que a água do rio lhes dá."

    "Semeadas à roda do Vale as terras do riba Águeda-Assequins, Paredes, Borralha, Sardão, Ameal- quase que se beijam umas às outras, a meio palmo de longura como estão e tão igual e tão irmão é o seu modo de vida."

    Não há dúvida de que todo o Vale é um vasto tapete de verdura onde alternam as culturas do milho, dos vinhedos e dos pomares das mais variadas frutas e onde os freixos e amieiros projectam as suas sombras apetecíveis em tempo de calor.

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